O Bossa Summit uniu palestrantes renomados e 7 mil participantes (investidores, empreendedores, executivos e entusiastas) para discutir sobre novos negócios e investimentos em startups no Brasil.
Nos dois dias de evento foi possível acompanhar painéis diversos nos 4 palcos que abordaram os assuntos mais quentes do mercado: temáticas e cases da jornada de empreendedores de startups, análises de oportunidades de investimento, movimentos do venture capital para corporações e fundos, visões de especialistas sobre VC no mundo, novidades de diferentes modalidades de investimento em negócios e muitos outros temas.
Para quem não conseguiu ficar por dentro de tudo que aconteceu durante o encontro, levantamos 4 destaques do Bossa Summit para ressaltar o que é esperado do ecossistema este ano:
O mundo do venture capital passou por uma turbulência nas últimas semanas com a crise do SVB, que deixou muitas pessoas receosas com um caminho já conhecido por quem faz parte do mercado: o de que o capital investido em startups no mundo está em plena queda. De fato, de acordo com a CB Insights, o valor total destes investimentos caiu de US$ 638 bilhões para US$415 bilhões de 2021 para 2022.
A desaceleração, no entanto, não preocupou um dos maiores especialistas no assunto, João Kepler, também considerado 2 vezes o melhor anjo-investidor do Brasil. Kepler chamou atenção durante sua apresentação no Bossa Summit ao demonstrar números da Bossanova e afirmar que os investimentos early-stage, de menores valores, vão no sentido oposto a esta tendência mundial vista nos estágios mais maduros como Série A ou mais:
“Os investimentos early-stage da Bossanova mantém uma constância anual de valorização, não sofrendo a mesma volatilidade do mercado, demonstrando ser um ativo descorrelacionado em comparação a outros”.
A fala de João Kepler veio acompanhada de dados expressivos que demonstram que enquanto o mercado global teve uma queda, de 2022 para 2023 a Bossanova viu seus investimentos em negócios de estágios iniciais crescer 47,6%.
Para quem tem apetite para negócios de alto risco e possibilidades de altos ganhos, early-stage é o momento para apostar: “os números mostram que ao investir cedo e investir corretamente, os resultados podem ser sensacionais”, completa Kepler.
Thiago Nigro foi um dos palestrantes do Bossa Summit e contou um pouco sobre sua trajetória, seus aprendizados e as estratégias que utiliza para investir em equity e multiplicar seu dinheiro.
A palestra passou pelo início de Nigro como empreendedor e investidor: “o melhor caminho não é sempre o mais rápido”. Em seu primeiro empreendimento, o fundador do Grupo Primo conta que conseguiu escalar e impulsionar sua máquina de vendas apenas após ‘demitir’ 4/5 de seus clientes para focar nos 20% responsáveis por 80% da receita gerada. Nigro seguiu contando que ao vender este negócio, teve um retorno maior do que havia acumulado de dinheiro nos 8 anos anteriores.
“O poder do Equity está em você antecipar 20 anos de resultados no valor presente, numa única assinatura. Foi aqui que descobri o poder de trazer o fluxo de caixa futuro para o presente. Isso mudou minha mentalidade”, relatou Thiago.
Após tornar-se investidor de empresas em estágios iniciais, o idealizador da Finclass resumiu seus aprendizados em uma lista de 7 itens que ele considera importante analisar em um negócio que se deseja investir: diversificação de receita, receita recorrente, risco de continuidade, tamanho do mercado endereçável, governança, moat (´fosso`, algo irreplicável) e growth (crescimento).
A sugestão é parte de uma metodologia que Nigro criou para aumentar a eficácia de sua carteira, a ARCA. A palavra é um acrônimo que faz referência a: Ações brasileiras, Real estate (ativos imobiliários), Caixa e Ativos internacionais.
O fundador do Primo Rico deixou ainda um resumo do que considera ser um investidor de sucesso: “o bom investidor é aquele que é humilde o suficiente para diversificar seu capital, forte o bastante para aguentar as oscilações do mercado, rápido o suficiente para construir a sua arca antes da tempestade e não depois, paciente o bastante para aproveitar as oportunidades, esperto o suficiente para reduzir o seu risco, e sábio o bastante para lucrar deles”.
Durante o Bossa Summit o painel Mercado de M&A para 2023 contou com Karolyna Schenk, Diretora Executiva de M&A da TOTVS, e Danilo Herculano, Head de Relação com Investidores, M&A e Novos Negócios do banco BMG.
Apesar da tendência mundial do mercado não prever grandes deals para este ano, assim como foi em 2022, Schenk diz se sentir otimista com os próximos meses em relação a quantidade de transações de pequenas e médias empresas. Segundo a Diretora da TOTVS, a desaceleração do M&A fez as empresas analisarem com mais cautela suas teses de aquisição e reavaliarem as estratégias de composição de portfólio, o que acarreta num número maior de compras mais sinérgicas e bem-sucedidas.
A impressão foi compartilhada pelo Head do BMG, que expôs acreditar que o momento de aperfeiçoamento das estratégias de M&A aumentam as chances de sucesso das transações: “é pensar em conjunto e encontrar soluções para ganhar dinheiro junto, mas ambas as partes precisam estar em sintonia”, afirmou Herculano.
Durante os paineis, diversos palestrantes comentaram sobre as motivações por trás da busca de corporações por startups e a necessidade de inovação acelerada.
O CVC é um dos tipos de investimento empresarial em inovação que mais cresce no mundo e dentro do tema, um dos destaques do Palco CVC do Bossa Summit foi o painel Como a Faber-Castell Vem Investindo em Startups, de Pavlos Dias, Head de Inovação e Desenvolvimento de Novos Negócios e CVC na sede da empresa no Brasil.
O tese do fundo, que nasceu em 2019, é investir em edtechs e promover soluções inovadoras dentro do setor. A Faber-Castell tem um posicionamento que vai além da venda de itens de papelaria e outros bens de consumo e declara atuar na área de educação, o que inspirou a criação desta tese.
O CVC da empresa tem o anseio de promover a troca de conhecimentos e experiências com negócios inovadores e promover conexões entre eles, construindo uma rede fortalecida no portfólio. A ideia é, além de obter lucro com a venda das startups do ecossistema, cocriar soluções ou até mesmo novas empresas que possam aumentar a competitividade dos produtos Faber-Castell.
“A empresa está no Brasil há quase 100 anos e tem muito a ensinar sobre resiliência e capacidade de inovar”, comentou Pavlos, que enxerga que apesar de pequeno, o setor de edtechs no Brasil é muito promissor e merece receber investimento.
O corporate venture capital tem ganhado espaço entre as empresas brasileiras nos últimos anos e, de acordo com a ACE Cortex, quase metade (49,2%) das grandes corporações brasileiras já possui alguma iniciativa do tipo. Com uma lógica um pouco diferente do VC, o CVC leva em consideração sinergia e geração de valor alinhada com o propósito das empresas e promove a construção e aplicação acelerada de soluções inovadoras.
Após dois dias intensos de conexões e discussões sobre o ecossistema de inovação e investimentos em startups, o ânimo dos milhares de participantes do Bossa Summit era positivo, refletindo as boas expectativas para o ano de 2023 após este primeiro trimestre.
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