Entre os anos 1990 e 2000, a popularização da internet e o avanço acelerado de tecnologias, como o comércio eletrônico e os serviços baseados em nuvem, transformaram o cenário global. Esses fatores, aliados à ampla disponibilidade de capital e ao surgimento de ecossistemas de inovação em regiões como o Vale do Silício, impulsionaram a ascensão de startups de tecnologia e criaram um novo paradigma para o mercado corporativo.

Esse ambiente dinâmico revelou às empresas tradicionais uma necessidade urgente: para acompanhar o ritmo das disrupções lideradas por essas startups em rápido crescimento, seria fundamental ir além de suas operações internas e adotar abordagens colaborativas. Foi nesse contexto que o modelo de Venture Capital tradicional inspirou corporações a implementarem o Corporate Venture Capital (CVC), uma estratégia que combina investimentos em startups com a busca por inovação orientada ao crescimento e à competitividade.

Ao estruturar programas internos de CVC, ou estabelecer parcerias estratégicas com players especializados do ecossistema, mais corporações passaram então a destinar parte de seu capital a startups de diferentes setores e estágios de maturidade. Essa abordagem não só ampliou suas capacidades de inovação, mas também proporcionou resultados concretos: a Google, por exemplo, consolidou sua liderança no setor de IoT com a aquisição da Nest Labs, enquanto a Salesforce expandiu mercados e diversificou receitas ao integrar a Twilio. 

Além destes e demais ganhos financeiros/operacionais, as empresas que implementam o CVC em suas operações também podem mitigar os riscos comumente envolvidos na inovação fechada. Em outras palavras, essa estratégia também permite que as empresas validem novas ideias e tecnologias em um ambiente externo, reduzindo os custos e as incertezas associados a projetos internos…

A Mitigação de Riscos por meio do Corporate Venture Capital

Frequentemente as corporações enfrentam desafios para identificar, e principalmente desenvolver, inovações que não apenas promovam crescimento e escalabilidade, mas que também sejam financeiramente sustentáveis e, na medida do possível, seguras. Ao investir em startups, através do Corporate Venture Capital, elas podem mitigar estes e demais riscos associados aos processos internos de inovação: 

Risco de Mercado

Lançar um novo produto no mercado é um desafio que exige planejamento, investimento e uma boa dose de estratégia. O processo pode ser longo e custoso, envolvendo etapas como pesquisa de mercado, testes de protótipos, definição de preços, planejamento de distribuição e estratégias de marketing. Ainda assim, o risco de um lançamento não atingir as expectativas está sempre presente.

É aqui que o Corporate Venture Capital (CVC) entra como uma alternativa inteligente. Em vez de apostar tudo em um produto completamente novo, as empresas podem se conectar com startups que já operam nesses mercados e já estão testando novos produtos/serviços compatíveis com a estratégia da empresa. Portanto, tais parcerias permitem observar inovações em tempo real, aprender com os sucessos (e até os erros) dessas startups e trazer insights valiosos para os próprios projetos.

Essa abordagem ajuda as corporações a ajustarem suas estratégias com base nas tendências de mercado e nos hábitos em constante evolução dos consumidores. Afinal, em um cenário tão dinâmico, adaptar-se rápido não é apenas uma vantagem—é essencial para se manter relevante.

Risco Tecnológico

Há alguns anos, a Ambev, maior cervejaria do Brasil, vem utilizando o Corporate Venture Capital (CVC) para fomentar a inovação em um segmento crucial do seu negócio: os pequenos e médios pontos de venda.

Por meio da criação da Z-Tech, braço de CVC da Ambev, a empresa se aproximou de diversos negócios inovadores com o objetivo de avaliar e implementar tecnologias que pudessem auxiliar na digitalização e eficiência operacional de seus parceiros comerciais, fortalecendo sua cadeia de valor.

Esse é um exemplo claro de como o CVC oferece uma oportunidade para as empresas avaliarem novas tecnologias antes de se comprometerem financeiramente com elas. Ao investir em negócios que estão na vanguarda da inovação tecnológica, as corporações podem identificar quais dessas soluções são mais promissoras e relevantes para seus objetivos de negócio.

Essa abordagem permite acompanhar a evolução tecnológica sem a necessidade de alocar grandes recursos inicialmente, reduzindo os riscos associados ao investimento em inovações ainda não testadas. 

Segundo o report “Corporate Venture Capital 2023”, desenvolvido pela ABVCAP, 94% das empresas consideram “extremamente importante” ou “muito importante” obter insights sobre tecnologias emergentes, mercados e modelos de negócios por meio de investimentos em VC. 

Risco Financeiro

Uma das grandes barreiras de entrada, tanto no mercado de VC quanto no mercado de CVC, é relativa aos riscos de se envolver com um projeto que talvez não obtenha sucesso, dado a taxa de falha de muitas startups.

Porém, assim como os investidores individuais de VC, as corporações que implementam o CVC devem adotar uma estratégia eficaz de diversificação de portfólio, investindo em mais de uma startup e, desta forma, mitigando os riscos relacionados ao investimento em uma única startup.

Esse portfólio é um ponto de equilíbrio entre os objetivos da empresa e os investimentos realizados: enquanto algumas startups podem não performar, outras podem se destacar, compensando as perdas e garantindo retornos positivos no conjunto.

Além disso, o Corporate Venture Capital permite que as empresas aproveitem a expertise e a agilidade das startups para acessar inovações de maneira mais rápida e eficiente, reduzindo o tempo e os custos que seriam necessários para desenvolver essas soluções internamente. Assim, o CVC, pautado na estratégia de diversificação, não apenas reduz o impacto financeiro, mas também acelera o ciclo de inovação proporcionando um retorno estratégico que vai além do capital investido.

Risco Reputacional

Um excelente exemplo de como uma empresa pode proteger sua reputação através do CVC, abrangendo até mesmo uma estratégia de marketing e branding, é a Coca-Cola. 

Nos últimos anos, os hábitos dos consumidores têm mudado cada vez mais rápido, graças à digitalização e à globalização, já que essas forças aceleram o acesso a informações, influências culturais e novas tecnologias. 

A gigante do mercado de bebidas identificou uma certa pressão para desenvolver produtos mais saudáveis, já que os consumidores hoje prezam muito mais por este estilo de vida do que antes: uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) revelou que oito em cada dez brasileiros se esforçam para manter uma alimentação saudável. Inclusive, 71% dos entrevistados preferem consumir produtos mais saudáveis mesmo que isso implique em um custo maior.

Para explorar esse mercado sem arriscar diretamente sua reputação consolidada no segmento de refrigerantes, a empresa criou uma estratégia de CVC, investindo em startups que já atuavam no desenvolvimento de bebidas naturais e funcionais, como águas enriquecidas.

Podemos dizer que a Coca-Cola investiu nestas startups com o objetivo de criar um “laboratório de inovação”, testando novos produtos e analisando sua aceitação no mercado. Tudo isso sem se envolver diretamente com esses lançamentos, protegendo sua reputação de possíveis retaliações do público-alvo. 

Diversas empresas realizaram lançamentos de sucesso no mercado através da estratégia de Corporate Venture Capital e até mesmo adquiriram as startups que colaboraram com os projetos, como é o caso da Kinvo, uma startup investida pela Bossa Invest, que foi posteriormente adquirida para o BTG Pactual, com o objetivo de explorar novos serviços. 

Concluindo, o CVC é uma ferramenta poderosa não apenas para inovação, mas também para mitigação de riscos. Ele oferece às corporações a oportunidade de participar de ecossistemas inovadores sem assumir os riscos totais que normalmente acompanham o desenvolvimento de novas tecnologias ou a entrada em mercados desconhecidos. 

Para as empresas brasileiras, adotar essa estratégia é um passo essencial para se manterem competitivas em um mercado global cada vez mais dinâmico.

O Valor de um Parceiro de Corporate Venture Capital

Apesar de apresentar diversas vantagens, especialmente a mitigação de riscos neste caso, o Corporate Venture Capital não é uma estratégia simples de se implementar dentro de uma empresa, das de grande porte até as de menor porte.

Para que a implementação seja bem sucedida, a empresa e a startup precisam estar em total sincronia com as etapas e objetivos do projeto. Além disso, a habilidade de identificar e analisar startups é o core business de diversos players do mercado de inovação, como as próprias Venture Capitals.

Agregando expertise e método, a parceria deste players pode fazer toda a diferença nos resultados do programa. 

A Bossa Invest é o Venture Capital mais ativo da América Latina. Com quase uma década de experiência no mercado de startups, já realizamos mais de 1.600 investimentos em negócios inovadores e obtivemos mais de 110 exits bem-sucedidos. Nossa equipe está preparada para apoiar a transformação dos resultados da sua empresa através do Corporate Venture Capital!

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