O investimento sustentável, orientado pelos critérios ESG — sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) — vem se consolidando como um motor de competitividade para empresas de todos os portes.
O pilar ambiental engloba práticas que reduzem impactos ecológicos, como a busca por alternativas limpas, a diminuição de poluentes e a gestão responsável de resíduos. No pilar social, ganham destaque ações que valorizam a diversidade, asseguram direitos trabalhistas e promovem a saúde e o bem-estar no ambiente de trabalho. Já o pilar governança refere-se a uma gestão ética e radicalmente transparente em todas as operações internas.
Cada vez mais, investidores reconhecem o valor dessas iniciativas diante de uma sociedade exigente e de um mercado atento à responsabilidade corporativa. Agora é a hora de entender a essência do ESG — e como incorporá-lo à sua estratégia empresarial.
Desvendando o Conceito de ESG
O relatório de 2004 da ONU (Organização das Nações Unidas), intitulado “Who Cares Wins” (“Ganha quem se Importa”), foi o responsável pela inauguração do termo ESG. Como falamos anteriormente, ele representa um conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança que indicam quando uma empresa atua em prol da transparência, da responsabilidade social e do impacto positivo no meio ambiente.
No Brasil e no mundo, as práticas ESG ganharam popularidade entre as empresas à medida que os próprios consumidores passaram a reavaliar seus comportamentos de compra e demandar por negócios mais éticos…
Uma pesquisa recente da HumanSmart aponta que 88% dos consumidores são mais leais a empresas que demonstram impacto social positivo. Esse comportamento mais atento, por parte do público consumidor, também foi observado no Customer Loyalty Index, desenvolvido pela Emarsys: 30% dos consumidores foram influenciados pela lealdade ética, um aumento de 25% entre 2021 e 2024.
O acesso facilitado às informações sobre as práticas empresarias reuniu em torno das práticas ESG, algumas preocupações que as corporações precisam ter se quiserem conquistar a confianças do público-alvo:
Environmental ou Ambiental
- Busca por alternativas sustentáveis para a redução no impacto no meio ambiente;
- Redução na emissão de poluentes;
- Boas práticas com embalagens, geração, cuidado e descarte de plásticos e outros materiais (principalmente os que não são considerados biodegradáveis);
- Gerenciamento correto do descarte de lixo.
Social
- Aderência aos direitos trabalhistas;
- Valorização da saúde no ambiente de trabalho;
- Apoio à diversidade e inclusão;
- Posicionamento da empresa em relação às causas ambientais e aos projetos sociais;
- Atuação proativa com a comunidade.
Governance ou Governança
- Adoção de políticas para o controle de processos;
- Comportamento e política institucional relacionados às práticas anticorrupção, lavagem de dinheiro e trabalho escravo, por exemplo;
- Transparência na política de remuneração dos diretores;
- Valores, além de postura moral e ética nos negócios;
- Valorização da prestação de contas e da responsabilidade corporativa;
- Veracidade das informações sobre o produto e sobre os processos da empresa.
Existem hoje ferramentas digitais que já permitem que pequenas e médias companhias façam diagnósticos online rápidos sobre seu nível atual em ESG usando apenas o CNPJ vinculado ao cadastro empresarial, como é o caso do Diagnóstico de Maturidade ESG do Sebrae.
Empresas que adotam critérios ESG conseguem recomendações personalizadas para evoluir nessas áreas estratégicas sem custos elevados ou processos burocráticos complexos. Integrar esses princípios se tornou essencial para fortalecer a reputação e aumentar a competitividade. Isso conecta sustentabilidade corporativa a oportunidades inovadoras, como investimento sustentável via startups parceiras ou Bossa Invest, vamos falar sobre isso mais para frente!
Benefícios das Práticas ESG para Corporações
As práticas ESG representam muito mais do que uma simples tendência; elas se consolidaram como um diferencial competitivo decisivo no mundo dos negócios. Ao adotarem esses princípios, as empresas não apenas constroem uma reputação sólida no mercado, mas também fortalecem seus vínculos com colaboradores e parceiros.
Essa abordagem integrada, que une os pilares ambiental, social e de governança, vai além da imagem corporativa, estimulando a inovação, gerando eficiência e impulsionando resultados econômicos consistentes. Dessa forma, ao incorporar a sustentabilidade às decisões estratégicas, é possível alcançar tanto retornos expressivos quanto um impacto positivo real na sociedade e no planeta.
Prova disso é o crescente interesse do mercado financeiro. Empresas alinhadas aos critérios ESG tornam-se um ímã para investidores. Segundo pesquisas recentes, o segmento mundial já movimenta US$ 31 trilhões, o que representa cerca de 36% dos ativos sob gestão. No cenário nacional, a tendência se confirma: os investimentos classificados como sustentáveis alcançaram R$ 543 milhões em junho deste ano, um aumento expressivo de 29% desde 2019.
O Sebrae Nacional ainda agrega outras vantagens ao cumprimento de boas práticas ESG para corporações de todos os portes:
- Empresas que cumprem com os critérios ESG correm menos riscos de se envolver com problemas jurídicos, trabalhistas e também com fraudes;
- As práticas ESG também permitem que as empresas tenham acesso às linhas de crédito verde;
- As empresas engajadas nos critérios ESG também podem emitir greenbonds, ou títulos verdes, títulos de dívida utilizados para financiar projetos que geram impacto positivo no meio ambiente;
Barreiras ao adotar a agenda ESG
A pesquisa Data-Leaders ESG, publicada pela Data-Makers em 2023 em parceria com a CDN, aponta que 92% dos líderes empresariais brasileiros atribuem ao tema ESG rótulos como “importante” ou “muito importante” para o futuro das empresas. Por outro lado, a mesma pesquisa mostra que apenas 16% desses líderes afirmam conhecer o tema com profundidade, o que já representa um grande desafio para a implementação da agenda ESG dentro das corporações.
No entanto, a discrepância entre o reconhecimento da importância do tema e o baixo conhecimento sobre ele é apenas a ponta do iceberg. A verdadeira disseminação do ESG no ambiente corporativo enfrenta barreiras ainda mais complexas, que vão desde a necessidade de um amplo engajamento coletivo até a adaptação de processos e sistemas legados, o que demanda altos investimentos e pode gerar resistência interna.
Somam-se a esses obstáculos as falhas na mensuração confiável do desempenho ESG, que dificultam comparações transparentes com padrões globais, e o custo inicial para reestruturar operações, frequentemente percebido como elevado demais para os retornos imediatos esperados por uma liderança tradicional. Fica claro, portanto, que a superação desses desafios não é apenas uma questão de recursos, mas também de uma profunda mudança cultural, que exige paciência e visão de longo prazo.
Mas, existem soluções? Sim, e a que vamos te mostrar agora é, sem dúvidas, uma das mais eficientes!
Aliança Estratégica com Startups Verdes
Para superar os desafios de implementar uma agenda ESG, muitas empresas estão recorrendo ao Corporate Venture Capital (CVC) e a iniciativas de inovação aberta como forma de conduzir essa transformação de maneira mais ágil e eficiente.
O Corporate Venture Capital é uma modalidade na qual grandes companhias investem seu capital corporativo diretamente em startups. No contexto da sustentabilidade, as corporações formam alianças estratégicas com startups verdes — aquelas que já desenvolvem soluções com foco em impacto socioambiental — para acelerar suas próprias práticas ESG.
Essa abordagem se mostra uma alternativa estratégica por duas razões principais. Primeiro, as startups verdes já possuem tecnologias validadas que as grandes empresas procuram, encurtando o caminho da inovação. Segundo, um dos objetivos centrais do CVC é justamente mitigar os riscos tecnológicos, financeiros e de mercado associados a grandes mudanças, como a implementação de uma agenda ESG.
Um exemplo fantástico dessa sinergia é a startup 4 Hábitos para Mudar o Mundo, que integra o portfólio da Bossa Invest. Utilizando inteligência artificial, a 4Hábitos gera receita e indicadores ESG a partir de resíduos corporativos. A startup implementa a infraestrutura de descarte, treina os colaboradores e utiliza uma plataforma para registrar os dados de pesagem via celular, já tendo conquistado clientes como Sebrae, FIESP e Acate.
Seguindo a mesma linha, outro caso do portfólio da Bossa Invest é a agtech Muda Meu Mundo. A empresa conecta pequenos produtores ao varejo, utilizando dados ESG para construir uma cadeia de suprimentos (supply chain) mais justa e sustentável.
Os exemplos da 4 Hábitos e da Muda Meu Mundo ilustram uma mudança de paradigma fundamental: a inovação em ESG não precisa, necessariamente, nascer dentro de casa. Ao se aliarem a startups ágeis e especializadas por meio do Corporate Venture Capital, as grandes empresas encontram um atalho eficiente para um futuro mais sustentável. Essa sinergia entre a escala das corporações e a agilidade das startups representa a força motriz que irá moldar as próximas décadas de negócios, provando que o capital pode, e deve, ser um agente de transformação positiva.
A Bossa Invest, a venture capital número 1 da América Latina, possui uma vasta experiência no mercado de Corporate Venture Capital, com parcerias estratégicas envolvendo corporações líderes em seus mercados. Dois cases de sucesso envolvem a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) – que investiu em 42 startups e alcançou um retorno de 21,28% ao ano para os investidores -; e o BMG UpTech, braço de CVC do BMG, que foi reconhecido pelo 100 Open Startups por três anos consecutivos como TOP 3 na categoria Corporate.