Além da Inteligência Artificial: Setores Promissores e Novas Fronteiras para o Investimento em Startups

Investindo Além da IA: Setores Promissores e Novas Fronteiras para o Investimento em Startups.

Inteligência artificial, inteligência artificial, inteligência artificial…

Só se fala disso hoje em dia, por muitos motivos, claro. Com aportes bilionários, como o da OpenAI na casa dos 40 bi de dólares, a inteligência artificial reaqueceu o mercado de VC em 2024 e se tornou o centro das atenções desde então (e dos aportes). 

Mas não é só o futuro da IA que brilha aos nossos olhos. O Venture Capital também tem muito a oferecer quando o assunto é agronegócio, energias renováveis, negócios de impacto e ESG, por exemplo. 

E nós vamos te provar isso nesse artigo!

AGTECHS: Um ecossistema em ascensão desde 2019.

Há uma década, quando a Bossa Invest nasceu para transformar a vida de empreendedores early stage no Brasil, o ecossistema das agtechs estava começando a ganhar seu espaço, mas ainda não tinha conquistado tração em investimentos. 

Os anos se passaram, as agtechs ganharam tração, cresceram exponencialmente e chamaram a nossa atenção. Neste momento, decidimos fazer nosso primeiro aporte em uma startup do setor, a Gado Certo, ao final de 2020. Desde então, nossos aportes no setor cresceram junto com o ecossistema, alcançamos o marco de R$ 9,6 milhões investidos em 17 agtechs de alto potencial, como a B4A, a Tarvos e a Sette. 

Agora, entre 2025 e 2026, queremos dobrar essa meta, ultrapassando 30 investimentos em startups do setor. Serão R$ 20 milhões investidos no total. 

E nós estamos MUITO confiantes nesse plano. Aqui estão alguns dos “porquês”, alguns dados que confirmam nosso crescente otimismo:

Em 2019, as primeiras faíscas discretas do ‘boom’ das agtechs começaram a acender a grande explosão do setor. O crescimento da população e o aumento da demanda na produção de alimentos encontram na tecnologia uma solução para aumentar a produção com eficiência, qualidade e, consequentemente, maior lucratividade. Dos grandes aos pequenos agricultores, todos começaram a buscar no próprio mercado brasileiro as soluções para os seus problemas. 

E assim começa a trajetória de impacto das startups nacionais do setor, revolucionando a forma como os proprietários lidam com seus negócios e proporcionando maior controle das atividades. 

As agtechs se desenvolveram tanto, e com tamanha rapidez, que já em 2019, os olhos das grandes empresas tecnológicas do exterior se voltaram para o que esses novos empreendedores estavam criando. Programas de incentivo do governo levaram o impacto do agrotech brasileiro para outras fronteiras, por incentivo de entidades muito reconhecidas, como a própria NASA e o Google.

5 anos se passaram, as tecnologias do agro provaram mais uma vez o seu valor, e as manchetes de 2025 não deixaram nada passar batido:

Startups de agro quase drobraram em 5 anos e revelam maturidade do setor.

A última edição do Radar AgTech Brasil, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Homo Ludens e a SP Ventures, revelou um amadurecimento expressivo do agrotech no Brasil:

O número de Agtechs brasileiras cresceu 75% em menos de 5 anos, passando de 1125 startups em 2019 para *1972 em 2024, sendo que a categoria “dentro da fazenda” (gestão da propriedade, monitoramento, etc) apresentou um crescimento mais expressivo no período, respondendo por +41% das agtechs mapeadas no estudo.

*Outros estudos mais recentes revelam que, atualmente, o mercado interno brasileiro já tem mais 2000 startups na área, e esse número continua crescendo.

A região Sudeste tem se consolidado, historicamente, como a principal base das startups voltadas ao agronegócio no Brasil. Já são mais de 1.137 negócios mapeados, segundo estudo da Embrapa. São Paulo lidera esse movimento, com destaque para o recente investimento de R$ 13,5 milhões do governo estadual por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta).

Apesar dessa concentração no Sudeste, o ecossistema de agtechs vem se expandindo gradualmente por outras regiões do país. Norte e Nordeste, por exemplo, têm ganhado espaço significativo: a participação do Norte passou de 3,5% para 5,9%, enquanto a do Nordeste saltou de 1,5% para 5%, desde o primeiro levantamento da Embrapa.

Sim. A quantidade de agtechs cresceu muito, mas não foi só isso. O amadurecimento do setor também foi acompanhado por um aumento na quantidade de incubadoras (principalmente), aceleradoras, hubs de inovação e parques tecnológicos. Só as incubadoras saltaram de 32 para 107 em apenas 1 ano (2023-2024)!

Resumimos esses e mais dados do Radar Agtech Brasil no último Bossa Analytics. Já deixamos disponível aqui um resumo visual para a sua análise:

Bossa Analytics (EDIÇÃO 1)

Sem dúvidas o futuro das agtechs brasileiras é grandioso. Essa foi só uma “demo” disso! O Brasil é o principal destino em investimentos em agtechs na América Latina, abrigando mais de 80% das startups voltadas ao agronegócio. 

Se você tem interesse em diversificar seu portfólio com agtechs, já sabe…

Quem planta primeiro, colhe primeiro! 

ENERGYTECHS: A promessa de R$ 200 bilhões até 2028.

A crise climática, as crescentes demandas energéticas, tanto em escala global quanto regional, as mudanças na regulamentação do setor de energia e a necessidade de operações mais “racionais” têm acelerado o desenvolvimento de soluções sustentáveis e eficientes por parte das energytechs. 

Nesse cenário, o Brasil pode sim se tornar um líder regional sólido e ter um papel relevante no cenário global, especialmente como referência em matriz limpa e inovação em mercados emergentes. 

Caso você não esteja por dentro do tema, chamamos de “energytechs” as startups que estão transformando a forma como produzimos, distribuímos e consumimos energia. Essas empresas inovadoras atuam na linha de frente da transformação energética, muitas vezes integrando tecnologias como inteligência artificial, internet das coisas (IoT) e big data para monitorar e otimizar o consumo em tempo real.

O nosso país possui mais de 250 energytechs e lidera a captação de investimentos na América Latina, com 80% dos aproximadamente US$ 800 milhões investidos na região desde 2021. No total, já foram 75 rodadas de captação nestes últimos anos, com destaque recente para a Órigo, startup pioneira em energia renovável no Brasil, que captou mais de US$ 280 milhões em rodadas no ano passado.  

Segundo um estudo realizada pela Distrito, as energytechs brasileiras se destacam, principalmente, em 4 frentes:

  • Eficiência energética — a maior categoria, com cerca de 20% do total, focada em uso racional de energia; 
  • Geração compartilhada (cooperação/energia comunitária) — representa cerca de 15% do total; 
  • Análise de dados (Big Data & analytics) — representa cerca de 17% do total, focada em otimizar o consumo e a distribuição de energia; 
  • Gestão de energia corporativa — cerca de 10% do total, com foco em soluções para reduzir custos.

O ecossistema brasileiro de energytechs é fortalecido não só pela atuação de hubs de inovação e programas de aceleração — que fomentam a troca de conhecimento e colaboração entre startups — mas também por iniciativas institucionais que ampliam o acesso a capital e incentivo à inovação*. Um exemplo recente é o edital lançado pela BNDES, pela Petrobras e pela Finep, que prevê a criação de um Fundo de Investimentos em Participações (FIP) de até R$ 500 milhões voltado para startups e MPMEs com soluções em energias renováveis e descarbonização.

*Além de tudo isso, o próprio governo federal prevê o investimento de R$ 200 milhões em soluções de energia renovável até o final de 2028. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Paiva, esse é “um volume muito expressivo. Somando os projetos dos novos combustíveis, da biomassa e de outras gerações, o país alcançará as melhores condições de produção de energia limpa no mundo.” 

Em resumo, o Brasil está liderando a transformação energética na LatAm com um ecossistema robusto e colaborativo, onde a sinergia e inovação impulsionam a jornada de startups com fortes modelos de negócio. A questão agora é superar alguns desafios estruturais e regulatórios (principalmente) que podem limitar esse protagonismo em escala global. Mas, vamos deixar essa ‘pulga atrás da sua orelha’.

IMPACTO E ESG: Em breve, receberemos a COP30.

Entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, o Brasil será palco de um dos eventos mais importantes do mundo sobre sustentabilidade: a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 30.

A cidade escolhida para sediar o encontro foi Belém, no Pará. Durante o evento, líderes mundiais, cientistas, ONGs e representantes da sociedade civil se reúnem para debater soluções e ações de combate às mudanças climáticas.

A expectativa é de um grande movimento na capital paraense. São esperados mais de 40 mil visitantes nos dias mais movimentados da conferência, 7 mil destes fazem parte da chamada “família COP”, composta por equipes da ONU e delegações dos países membros.

A edição “brazuca” de 2025 representa uma oportunidade histórica para o nosso país reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudança climática e sustentabilidade global. Em uma entrevista para a CNN, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Capobianco, afirmou:

“A COP30 é um ponto numa trajetória de várias frentes, mas é fundamental, pois podemos mostrar internacionalmente nossa capacidade. Estaremos reforçando a estratégia de mostrar ao mundo que os ativos socioambientais e serviços produzidos aqui são centrais no equilíbrio climático”

O Brasil já é reconhecido como um dos países com maior potencial para se tornar um hub global de inovação sustentável. Muitas demandas e iniciativas nascidas em solo nacional impulsionaram essa narrativa no cenário internacional, e a maioria delas partiu do próprio ecossistema verde brasileiro…

Já temos mais de 250 startups de impacto e ESG atuando em território brasileiro, impulsionadas pelos mais de 257 fundos sustentáveis do país, que cresceram 16% entre 2023 e 2024 (de 134 para 257), e por mais de 55% das gestoras no Brasil que estão ativamente buscando negócios relacionados a ESG. 

Na verdade, o mercado de investimentos sustentáveis no Brasil, como um todo, cresceu mais de 150% nos últimos três anos. Esse avanço tem relação direta com o papel da tecnologia, que vem se consolidando como um vetor estratégico para enfrentar os desafios da sustentabilidade empresarial, tema que ganhou ainda mais protagonismo nos debates atuais. 

Somando a tudo isso, o mercado de títulos sustentáveis no país também está em plena expansão. A expectativa é que esse segmento, voltado ao financiamento de projetos com benefícios ambientais e sociais, movimente R$ 100 BILHÕES apenas em 2025! 

Com a chegada da COP30, o Brasil tem uma oportunidade histórica de mostrar ao mundo todo esse potencial transformador do seu ecossistema de inovação. Mais do que fortalecer a imagem do país como potência verde, o evento pode acelerar políticas públicas que estimulem a colaboração entre governos, investidores e empreendedores, criando um ambiente ainda mais fértil para o crescimento das startups de impacto e ESG.

Os negócios que estiverem na linha de frente das inovações sustentáveis não apenas terão mais visibilidade, mas também estarão estrategicamente posicionadas para crescer, escalar e liderar as soluções que o mundo busca diante das metas estabelecidas pela COP30. 

O momento é agora e o futuro passa pelas startups. 

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