Dentro do ecossistema de startups, um dos elementos mais emblemáticas é a do investimento-anjo, isso porque ele é um importante gatilho para que uma startup consiga prosperar e progredir com seu negócio. Esse tipo de investimento é essencial não só para o mundo das empresas de inovação, mas também para a economia de um modo geral.
Além de ter um potencial de ganho muito acima da média comparado com outros investimentos, esta modalidade de investimento contribui na geração de empregos e no desenvolvimento de uma empresa que tem como base a tecnologia para resolver um problema real que afeta a sociedade como um todo.
Mas além de alto, engana-se quem pensa que o retorno para esse tipo de investimento é garantido, segundo um estudo realizado pela aceleradora Startup Farm aponta que 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos de existência e 18% delas antes mesmo de completar dois anos.
Pelo fato do investidor-anjo ter uma porcentagem do negócio, significa que se a empresa falir, ele poderá perder todo o seu patrimônio investido, classificando esse tipo de investimento como de alto risco.
Para amenizar o risco, deve se investir apenas uma porcentagem do seu patrimônio nesse tipo de ativo. Outra estratégia também usada é ter uma a tese de investimento, – é um caminho que investidor-anjo utiliza para filtrar as startups que ele pretende aportar,. Quando se tem uma tese bem defina, o caminho fica mais mais fácil para ser assertivo na escolha e prever seus possíveis erros de investimento.
Nos últimos anos, esse formato de investimento viu grande crescimento não apenas no Brasil, alcançando a marca de R$ 1,067 bilhão investidos em 2019 – um crescimento de 9% em relação ao ano de 2018, recuperando a queda de 0,4% de 2018 em relação ao volume aportado em 2017. O volume ultrapassou a barreira de bilhão pela primeira vez desde o início da série histórica (2010).
O número de investidores apresentou um crescimento expressivo de 6% chegando a 8.220 – tanto o volume de investimentos como o número de investidores ultrapassaram as projeções efetuadas no ano anterior. Os dados fazem parte da pesquisa realizada pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que fomenta o investimento-anjo e apoia o empreendedorismo inovador no país.
Fundo de investimento-anjo
Uma alternativa de diluir os risco no investimento em startups, são as coordenações de grupos de co-investimento essa modalidade tem atraído cada vez mais os grupos de investidores anjos que pretende aplicar o capital em uma empresa de inovação e não ver o seu patrimônio perdido em caso de um futuro Write off.
Além de ter acesso a diversas startups em um único portfólio, o fundo procura ajudar no desenvolvimento e consolidação do modelo de negócio da empresa. E para a startup, acaba sendo uma excelente oportunidade, pois aumenta o número de mentores, que podem contribuir com sua expertise para o crescimento da startup.
Smart Money
O intuito do investidor-anjo não é participar do desenvolvimento das ideias, formulação de produtos ou estratégia da empresa investida, mas fomentá-la por meio mentoria e network que é chamado no mercado como Smart Money.
O perfil do investidor-anjo em sua maioria são executivos com um vasto conhecimento de mercado, que buscam diversificar seu portfolio de investimento e usufruem de sua sabedoria em negócios para ajudar startups a aumentar sua receita.
Normalmente os investidores-anjo ajudam os empreendedores com networking, apresentando-os para pessoas-chave do mercado, além de dar mentoria individual, com o intuito do desenvolvimento da startup.
Estes investidores-anjos investem em empresas inovadoras dentro de mercados em que têm expertise e que possam agregar outros recursos como conhecimento, experiência e rede de contatos em prol do sucesso da startup apoiada.
Como funciona o investimento anjo em startups?
O ticket médio do investimento-anjo pode variar muito, são cheques que vão de R$ 10 mil até R$ 1 milhão, e o valor (valuation) das startup também pode variar até o máximo estimado de R$ 4 milhões – a partir desse preço, são as Venture Capital (VC) que dominam o território.
O investidor-anjo irá realizar o aporte em troca de equity, ou seja, os investidores oferecem capital em troca de uma parcela da empresa. Entre o processo de fundraising (rodada de investimento) realizado pelas startups, o investimento-anjo é o primeiro aporte, que irá ofertar uma maior fatia da startup em troca de um valor menor, comparado as próximas rodadas, isso porque durante o processo que a empresa vai aumentando o seu valuation e ganhando autonomia, o equity se torna menor e mais caro, por outro lado há uma compensação no risco que também é menor que nos primeiros rounds de investimentos.
O investimento-anjo em startups pode se estruturar de duas maneiras: a primeira quando o investidor terá ações preferencias da startup, ou quando realiza uma dívida conversível em papéis da empresa.
Pelo fato do investimento-anjo se tratar de um aporte de alto grau de risco e incerteza agregado ao empreendimento em fase inicial, normalmente o investidor não atribui sua participação societária imediatamente no momento em que formaliza o aporte financeiro, de forma simplificada, o investidor-anjo pode realizar um contrato de mútuo conversível, que é muito semelhante ao um contrato de empréstimo. Em seus termos, esse contato define que o investidor terá direito a converter o valor aportado na empresa em uma quantidade de ações no futuro.
Dessa maneira, podemos definir todos os aspectos importante do investimento, como as regras de conversão deste montante em equity da empresa, como, por exemplo, prazo para conversão, regras para conversão antecipada e exit.
Lembrando que o investidor-anjo não integra o capital social da startup e, não poderá ser responsabilizado por qualquer obrigação que recaia sobre a empresa investida, – não sendo, portanto, responsável solidário por quaisquer dívidas ou débitos trabalhistas da empresa, de acordo com a LC nº 155/2016.
Para atender à necessidade de proteção legal aos riscos de responsabilização, aumentando a segurança jurídica ao investidor, a LC nº 155/2016 dispõe que o investidor-anjo “não será considerado sócio nem terá qualquer direito a gerência ou voto na administração da empresa” (art. 61-A, § 4º, I) e, assim, não responderá por nenhuma dívida da empresa (art. 61-A, § 4º, II), desde que não exerça a atividade econômica do objeto social (art. 61-A, § 3º) – assim como o dinheiro investido não será considerado capital social (art. 61-A).
Como incentivo fiscal para o investidor-anjo, menciona-se a possibilidade de se aportar capital por meio de pessoa jurídica (art. 61-A, § 2º) e de fundos de investimento (art. 61-D), à medida que se pode utilizá-los com o veículo de regime tributário mais favorável.
Próximas rodadas
Conforme a startup vai crescendo, ela vai passando por novas rodada de investimento, trata-se de um processo de fundraising realizado pelas empresas. Isso quer dizer que a startup está progredindo e buscando novos investimentos para o crescimento e desenvolvimento.
Os investidores de sucesso buscam identificar quais estão performando melhor e continuar investindo nelas nas rodadas seguintes – que é o que conhecemos como follow on, quando um investidor opta por investir uma pequena porcentagem para não diluir a participação com a entrada de novos investidores. Alguns investidores-anjo erroneamente pensam somente na primeira rodada de investimentos, mas para manter sua influência no investimento, é necessário fazer mais aplicações na startup.